OS CAVALARIANOS, SÁBIOS FINGIDORES

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Cavalarianos, pari passu fama de impetuosos e destemidos, carregam estigmas de impulsivos e temperamentais, (pré) conceitos derivados de percepções petrificadas através dos tempos. Caso incorporassem o zeitgeist do politicamente correto ou da perseguição às minorias, cada discípulo de Osório teria muito a reclamar nos tribunais, porque, sem dúvida, integra comunidade das mais expostas a reiterados bullyings.   

   Mas os rapazes das lanças cruzadas adoram surpreender, e no lugar de coletivos ou choradeiras contumazes, fazem limonada do limão de imagens jocosas projetadas por superficialidades corporativas. A rigor, cavalariano de verdade não se leva a sério demais, arriscando-se a subestimar aptidões e virtudes pessoais, conforme nesta hipotética programação esportiva.

   À pista, Ivus Damerran Smith, Hierofante da Aldeota!      

   Ivus substitui nesta vida planetária a Ivo D Salvany, antigo vice-rei de Malhermes e alhures, depois de o original ter-se abalado de mala e cuia – esta menos que aquela – para o litoral cearense. Ignoram-se, mais de década transcorrida, os reais motivos do inusitado auto-exílio, perseverando versão de que após liderar sucessivos, grandiloquentes, intermináveis brados marciais –“Ferro e Aço! Fogo e Balaço!”-, Ivo, então grão-vizir do Real Engenho, despediu-se, exangue, para nunca mais retornar aos pagos nativos.       

   Ao abandonar de vez as raízes para assumir-se clonado, ID Salvany transmutou-se de gasolina azul em etanol. Sem o linguajar chulo do momentoso astrólogo da Virgínia, dele guarda a parecença de virulentos ataques a supostos desafetos tipos não-flamenguistas, não-tanquistas e cantantes chavistas, amenizados quando ele ensandece nas saturnais pagodeiras do Fortal.  

   Todavia a célula pater de Ivus ad eternum será Ivo - afável, generoso, vibrante e solidário -, conduzido pelas mãos de Euterpe a produzir Praia Vermelha e criações congêneres de sublime fulgor literário. Ignorem a personalidade ersatz Damerran Smith de jihads tropicalientes, proclamas justiceiros, palavras de ordem bombásticas, enfim, uma rudeza verborrágica lado B de apelo meramente cibernético. Ivus respira, mas só quando inflado pelo Ivo fingidor. Ponto.

   Na carrière, P Baciuk - nome, alma e reputação de cossaco -, inadvertida e injustamente L Rep.

   Baci, como ele próprio replica, tem certidão de nascimento expedida em Curitiba, mas fortes indícios alavancam-lhe suspeição de nascido em Nijni Novgorod, Novgorod para os íntimos,  cidade russa perto de São Petersburgo reconhecida pela importância histórica, turística, industrial e cultural.   

   Dele, consta aprendizado do alfabeto sirílico nos prolegômenos das fraldas, daí ainda hoje deglutir melhor sopinhas de letras indecifráveis a lusófonos do que vocábulos basilares do idioma pátrio. Culto, simpático e comunicativo, Baci desanuviou até a carranca assustadora de Putin, o Terrível, seu anfitrião em animado bate-papo nos salões do Kremlin moscovita. Reza lenda ter arrefecido a marcação da KGB mimoseando o ex-CEO da carismática organização com a jaqueta do Vasco super-super campeão de 1958.        

   Evidências sobejas indicam tratar-se Baciuk de Romanov encarnado nos trópicos. Chique, hein? Para admitir-se L Rep? Baci, aristocrata de fina estirpe, ao deixar-se equiparar a reles plebeus, também merece pecha de fingidor. Próximo!       

   NA Breide, Cad Cav 1022 / 72, traz no próprio nome a marca da predestinação, agora percebo. NA – no alvo -, haveria abreviatura mais condizente com o seu excepcional talento de atirador? Premonição das estrelas?   

   De Che Breidé, para demasiado não me alongar, direi o seguinte: é o melhor escritor da Turma, e viés poético, segundo Fernando Pessoa, o maior fingidor.

   Elegante no estilo, conciso sem perder o fulcro da mensagem, sensível sem ser piegas, saboreio generosas apreciações de sua parte sobre meus reles escritos como verdadeiros bálsamos espirituais. Tivesse um décimo do seu valor literário, eu estaria inquietando escritores renomados de sucesso. E o que ele presenteia a humanidade desta sua invejável iguaria mental? Pouco, aparentemente quase nada.

   Breide, Baciuk e Salvany, eminentes representantes da Arma Ligeira, demonstram que sabedoria, excessiva modéstia, bom humor e despojamento bloqueiam – ou ocultam - a fruição de insuspeitos talentos. Naturalmente não estão sós, andam em excelentes companhias.      

   Semana passada em rede nacional, um alto dignitário diante de questionamentos elusivos de entrevistadores, assim reagiu:      

    - Por favor, uma pergunta de cada vez. Sou de Cavalaria, portanto limitado, tenho dificuldade de compreensão simultânea de assuntos diversos.  

    Atestado mais clássico de humor cavalariano, impossível!

    Assim caminha a incomparável Arma de Osório.

    Combativa, refinada, sabiamente irônica consigo mesma e ininteligível aos não-iniciados.    

    CAVALARIA!!!

 

Rio de Janeiro, 12 de maio de 2019

Cad Cav 1039 / 72, Nilo.

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