PIMPIM, PRESENTE!

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    Estava bonito o CMPV, na decoração dos ambientes, na animação das pessoas, na expectativa otimista do desempenho brasileiro em quarta-de-final da Copa do Mundo, contra a Bélgica. No entorno da Praia Vermelha, agitação incomum prenunciava o sucesso do antepenúltimo passo rumo ao ambicionado hexacampeonato mundial de futebol.

   No Círculo, gigantesco telão e televisões de generosas polegadas ameaçavam igualar as numerosas bandeiras verde-amarelas nas paredes, somadas às camisetas de mesmas cores envergadas pela maioria dos presentes, entre os quais incontáveis jovens. Devota suprema do rito quadrienal das Copas, ali renovado, a nelsonrodrigueana pátria de chuteiras materializava-se em verdadeira corrente pra frente, nas instâncias agudas capaz de potencializar indescritíveis manifestações coletivas de euforia, desencanto e catarse.

   Tudo aparentava avassaladora leveza, não fosse pequeno grupo defronte à porta de acesso interna a partilhar intensas emoções de recente perda sofrida. Como a demarcar território peculiar, sua localização destoava da habitual, naquela tarde reservada a concorrida assistência do telão ao ar livre. Cheguei por volta de meio-dia e meia, quando em távola retangular já se assentavam Honório, Paulinha, Walber, Tiago e Sottomaior – eminentes visitantes da 3M Paulicéia -, Derré, Lobão, Cobra, Motinha, Frazone, Joe May, Cordeirinho; Muller, Cléo e Riza logo encorpariam o grupo, depois consolidado nas presenças de Itamar B Teixeira B, Bebel e, finalmente, do barão VO-ador Ayrton.     

     Paulinha, Tiago e Bebel, respectivos herdeiros do Honório, do Guerreiro e do Boita, e Riza, cônjuge do Saint-Clair, reforçavam o caráter familiar da reunião, da família 72 há décadas compartilhando desafios, conquistas, rusgas, alegrias e tristezas, hoje  traumatizada pelo súbito falecimento do Souza Pinto – o saudoso Pimpim -, coincidentemente no dia do aniversário do Ângelo. Sem dúvida, a predominância desse espírito de coesão grupal amparou o comparecimento ao CMPV para inesperada homenagem póstuma ao criador do emblemático encontro mensal MMM – RJ.             

    Embora envoltos na expectativa geral de vitória da Seleção, corações e mentes inspiravam naturais recordações do Pimpim, ilustradas na oportuna iniciativa do Lobo de mandar confeccionar e colocar em destaque sugestivo painel perto da mesa da Turma, reproduzindo, talvez, a última imagem do Presidente: de pé, traje esporte, copo na mão, bandeira do Brasil ao fundo, provavelmente no tijucano fiel bar do Chico  e torcendo nesta Copa, o velho Pimpa de guerra parecia mais acolhido do que nunca no âmbito da Pioneira.         

    Seguindo-se o clássico registro fotográfico, organizado quase centenas de vezes sob o seu comando, o inesquecível diretor de cena fez-se presente no banner que o dileto Dr Sérgio Moneró, doravante Guardião MMM - RJ, conduzirá às assembleias no Portal Mágico - sobretudo a próxima, comemorativa dos quatorze anos de reuniões.   

   Deus está nos detalhes, diz o ditado, bem sabemos. No entanto, invariavelmente apressados e distraídos, nem sempre são percebidos pormenores singelos do melhor que a vida oferece. Como a emocionante devoção paterna do Honório à Paulinha; a superação de problemas de saúde pelos combativos Bebel e Guerreiro; o crescimento do Tiago, por capricho do destino participante do histórico convescote inaugural MMM – RJ, em 2004, e desses momentos de profunda consternação.

   Se belos sentimentos transbordam nos exemplos citados, a memória afetiva preserva pessoas, lugares e situações que nos acompanham até o mergulho final. Tal qual o tradicional gesto do Pimpim – lembrado pelo Arataquinha – de o vibrante artilheiro, em nossa costumeira retirada mensal do CMPV, simular ativar o pequeno canhão da entrada do Círculo e gritar aos ventos noturnos: - “Peça atirou!”.

   Sexta-feira, meia-dúzia de julho de 2018, o Presidente não pôde integrar o pequeno grupo que encerrou as atividades do encontro deste mês. Infelizmente, não manuseará mais a antiga peça para emitir o tão apreciado brado extraído das entranhas da sua alma artilheira.   

    Naqueles instantes terminais de evento marcado por tantas emoções conflitantes, sob o manto discreto de uma lua pálida sobre o mar da Praia Vermelha, ressoava imperecível proclama:

 

   PIMPIM, PRESENTE! 

 

Rio de Janeiro, 08 de julho de 2018.

 

Cad 1039, Nilo.