O DUQUE PIMPIM DE TODOS NÓS

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Certa vez, embalado na licença poética, Dom Obá III o nomeou Duque da Avenida Paula Sousa. Era novembro de 2013, nove de novembro, e a proximidade do aniversário do Pimpim – exatamente na semana seguinte, dia 16 – conduziu o personagem a inspirar-se em ícone do jazz para parabenizar o amigo estimado.

 Naqueles tempos, a Marechal Mascarenhas de Moraes 72 estava a completar dez anos de reuniões ininterruptas no Círculo Militar da Praia Vermelha, graças a pioneirismo estendido a outras cidades. Sem coerção, nota de serviço ou formalidade, comparecer na primeira sexta-feira do mês ao CMPV virou programa obrigatório a jovens sessentões de todos os quadrantes, porque tamanho apelo conquistou o chamado da amizade fraterna que logo atraiu integrantes de diferentes Turmas - antigos instrutores, inclusive - acolhidos com fidalguia exemplar pelo Presidente artilheiro. Sobre ele, escreveu Dom Obá:

         “No mencionado encontro deste mês, pipocaram renovados elogios, insuspeitos, à persistência bem-sucedida das reuniões após tantos anos realizadas. Oriundos de excelentíssimo representante de Turma distinta, na Tu MMM 72/RJ de imediato incorporado aos bate-papos e brincadeiras correntes, ratificaram tese há tempos por mim esposada – a de que o segredo do sucesso de início consiste na aparente improvisação cultivada pelo líder inconteste do Portal, o estimado Pres Pimpa. Aliás, pelo porte elegante e estilo pessoal facilmente comparável ao imortal Duke Ellington, outro gigante do jazz inexcedível na arte de bem improvisar”.     

    E prossegue:

         “Personagens à parte, o xis da questão é o seguinte: sem a coordenação suave do Pimpim talvez as reuniões já fizessem parte do passado ou se igualassem às da maioria das Turmas. O diferencial em relação às demais é que nada se força ou se impõe. Comparecendo quem quiser, quando puder e do jeito que lhe aprouver, sem dúvida será recebido de braços e corações abertos por velhos camaradas sequiosos pela convivência amigável de irmãos castrenses. Sob a batuta do bandleader Pimpa, cada solista da orquestra MMM terá direito a momentos intermináveis de improviso, a exemplo dos sax-maratonistas de Kansas City”.         

   Ontem pela manhã, infelizmente, o regente de orquestra persuasivo e sutil foi surpreendido - e nos surpreendeu – pela nota mais dissonante deste palco mundano. De improviso, como habitual nas assembleias das CNTP; sem aviso prévio, alarde ou indício qualquer; elegante e discreto, do jeito que costumava ser. Assim ele está  retratado no Dicionário 3M:  

         Souza Pinto, Luiz Antônio Brandão de S Pinto. Sin: Pimpim, Pimpa, Lu, Prez. Magnífico presidente da seccional Tu MMM 72/RJ. Inspirador/fundador dos seminários mensais a completarem onze anos entre tapas e beijos do Cobra, do Barão, do Boita, do Lobão, do Boca e de outras celebridades da Pioneira. Seu ar aristocrático de artilheiro blasé dissimula paixão por grei esportiva ululante. Brother-in-law de Dom Obá III, malgrado inconciliável antagonismo clubístico. Estressado só de antever acaloradas querelas jurídicas Dr Snake x Dr Boita. Ver Peres, Cobra, e Barcellos, Boita.   

   Passional e sensível transparecia o lado escorpiano de ser em definitivas notórias paixões: a família – Dona Maria Augusta, Coronel Wilson, Maria Luiza, Wilsinho, Soeiro, cunhada e sobrinhos; o Exército – Artilharia e Turma de 72; o Rio de Janeiro – praia, música, futebol e demais expressões típicas da alma carioca.

   Silenciosamente extemporânea, sua saída de cena provoca o impacto de um míssil   lançado contra os corações dos familiares e da legião de amigos profundamente consternados diante do seu falecimento prematuro.

   Nestas breves palavras presto derradeira homenagem ao meu estimado brother – assim nos tratávamos -, com a certeza de que enquanto viver cada uma das pessoas que tiveram o privilégio de conhecê-lo, ele viverá em suas melhores lembranças.  

   Parafraseando cronista etéreo da Turma:

   Tal qual o Poeta sonhou, o Duque Cajuti remoça a cada ano. Tal qual o eterno Duque do jazz, ele se mantém no topo da onda e não desgarra da prancha.

   Longa vida ao Duque da Avenida Paula Sousa!

   Luz eterna ao inesquecível Luiz Antônio Brandão de Souza Pinto, o Duque Pimpim de todos nós!

 

Rio de Janeiro, 04 de julho de 2018.

Cad Cav 1039, Nilo.