(RE) BATISMOS DIGITAIS - Dom Obá III

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    Ouço com relativa frequência comentários elogiosos, espontâneos, sobre a esplendorosa Tu MMM 72. Aliás, quando percebo no interlocutor ignorar minha afiliação à dita cuja, procuro exercer o papel crítico de advogado do diabo para contestar a avaliação, na íntegra confirmada. Avesso a deslumbramentos, eu me indago se a fama decorre da sólida legitimidade de virtudes coletivas ou de continuado processo de propaganda bem-sucedido.

    Quanto ao marketing, não paira dúvida: somos imbatíveis. O Ismael, o saudoso e querido Boca, por exemplo, encarregou-se, por si só, de construir uma aura mística da T3M, particularmente no Palácio Duque de Caxias onde pontificou durante mais de década na Ouvidoria/1ª RM. Ali, 72 virou grife, estado de espírito ambicionado e invejado, jeito de ser admirado e único, passaporte histórico sedutor de vitalidade incomparável - ser da Turma é chique, é top, é pop, é massa... 

     Talvez os outsiders pouco vislumbrem que, como os bons vinhos, a Tu MMM 72 evolui na poeira dos tempos. Basta acessar os aplicativos grupais, conhecer as reuniões e eventos realizados para constatar a pujante dinâmica transformadora de senhores quase setentões - na maioria esmagadora - em jovens cheios de vida, antenados na modernidade. O zapzap, espaço sociovirtual de experimentações intensas, não me desmente.

     Pimpim, o presidente da seccional Tu MMM 72/RJ, tem insistido incluir o nome de guerra do remetente na tela das mensagens. Alega o eminente prócer carioca que alguns simplesmente não o fazem, outros recorrem ao anonimato, ou semianonimato, nos seus registros virtuais. Instaurada suave pendenga entre o Duque da Paula Sousa e o KbçA, este defensor do modus operandi consagrado de certificação digital, resolvi palpitar.  

    Donald Trump, quem diria, acorre a dirimir a controvérsia, ao anular decreto do Obama que autorizava o uso de banheiros públicos pela autodefinição de gênero social, e não a distinção de sexo. Compreendo o topetudo empoderado. Imaginem o Sr Walber G ou o Sr S Perdigão adentrando recinto íntimo do outrora sexo fraco: no mínimo, provocariam alvoroço indizível, de dificílima contenção à segurança local. Hecatombe maior só a visão antediluviana, em igual cenário, do Dr Boita B aliviando-se do seu inseparável trabuco lança-flores diante de circunstantes esbaforidas. Caraca!!!   

    Mas tudo tem o seu lado B - sem malícia, claro. A assunção de gênero permite a revisão do nome. Duas cláusulas pétreas imemoriais - juntas, separadas ou não necessariamente na prioridade seguinte - fogem à razoabilidade mundana: o desconto obrigatório do FuSEx no contracheque e o nome próprio, escolhido à revelia do interessado. A segunda já se permite revogar; aquela permanece imutável. 

    Então por que não prestigiar arranjos inovadores? Presumo faltar candidato MMM à mudança de gênero radical - operação na Tailândia e coisas afins - mas quanto ao nome já existe um sem número de transformistas assumidos. Experimentem chamar o meu audaz curatelado (sou o curador reserva) Cobra-Crotalus-Ofídio Alado pelo nome de registro cartorial e suas conexões neurais retardarão resposta ao estímulo; chamem-no de Itamar, ou talvez Marzinho - como nas peraltices gauchescas - e o respeitável Dr B Barcellos reagirá diferente. E assim acontece.

    Nesta semana, jornais publicaram a nomeação de dois ativistas LGBT para a Assembleia Legislativa do Rio que exigiam serem chamados (as) pelos seus novos nomes sociais. Um (a) batizado Sebastião, ora atende por Claudia; o (a) outro (a), Fernando na origem familiar, tornou-se a feliz servidora pública Soninha de Tal.    

    Fora extremismos semelhantes. Mas considero, diante dos argumentos alinhavados, competir ao Pimpim, ao Arataca e ao  KbçA - Politburo da Tu MMM 72/RJ - liberação ampla, total e irrestrita na identidade  zapzap. Vale nome de guerra, nome completo, apelido, nome social, endereço virtual e o que mais puder.

    Só não vale dançar homem com homem e nem mulher com mulher. 

Rio de Janeiro, 25 de fevereiro de 2017.

Dom Obá III, NPNegão ou Vascaíno Sonhador.