Artigos da Seção AMAN 72

A CURANDEIRA DONA CREUSA

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(Literatura de Cordel)

Dona Creusa era boa curandeira

Que tratava qualquer moléstia

Mulher nova, bonita e faceira

Ainda tinha o dom da modéstia



Podia o cabra estar nos estertores

Que ela dava um jeito de curar

Caído, sem ânimo ou com dores

Com jeitinho ela fazia levantar


Sua fama correu pelas terras

O que causou grande romaria

Com seus dotes cessou guerras

Que dizimavam famílias


O seu nome em todo sertão

Era uma só unanimidade

Dona Creusa fazia até serão

Sempre em nome da bondade


Ela se trancava com o doente

E fazia o bem acontecer

Um talento tão imponente

Que o cabra chegava a gemer


Cornélio, seu bom marido

Chegava a ficar preocupado

Sem saber motivo de tanto alarido

E porque o cabra saía tão suado


Chegou a sugerir a Creusa

Que cobrasse pela consulta

Mas ela dizia: “minha Deusa

Exige que não cobre multa”


Um time de futebol imenso

Recebeu pra na tabela melhorar

Foi um esforço tão intenso

Que passou o mês sem sentar


Com toda essa competência

E um talento sem igual

Sua fama ganhou potência

E chegou até a Capital


Lá na grande Fortaleza

O Governador a convocou

Queria conhecer a Creusa

De tanto que o povo falou


Foi com ela consultar-se

E ficou impressionado

Adorou de Creusa a arte

E também ficou curado


Ofereceu ao bom Cornélio

Um emprego abonado

E nem levou a sério

O seu jeito atrapalhado


Queria a Creusa todo dia

Para tirar-lhe a aflição

Assim, deu-lhe mordomia

E também um empregão


Assim terminou a história

Da Creusa curandeira

Que alcançou a glória

Mesmo desinteresseira


Saint-Clair Paes Leme – poeta de boteco pé-sujo e Membro da ABL (Associação de Bares e Lupanares).{jcomments on}