Reu CMPV - 08 Jan 2016 - Reencontros Eternos

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Caros amigos, as efemérides de hoje são muitas, São Sebastião, dia disso, dia daquilo, mas para mim há algumas relevantes: hoje minha saudosa mãe Laurides completaria 91 anos, hoje completo 43 anos de casamento com a minha querida Sônia e hoje, pasmem, após quinze dias curtindo o neto que veio para o batismo no Rio, consegui concluir a seleção das fotos de nosso encontro de 8 de janeiro de 2016, nas CNTP.

Foi muito especial as presenças do Pedreira e do Archias, agora em São Paulo, como "gente da gente que aparece por aqui e nos deixa felizes". O Pedreira trouxe, além da alegria de sua presença que inclusive motivou a vinda mais uma vez do Seixas Marques seu amigo dos tempos imemoriais de adolescência, algumas fotos de um SIESP que fizeram a festa, hoje acho impossível de serem feitas novamente.

Dal Bello comemorou seu aniversário e quis também comemorar o do Heitor o primeiro aniversariante da turma a cada ano com bolo, vela, parabéns e distribuição de fatias para os que estavam no Clube cheios de inveja de nossa festa, alegria geral.

D’Amico, Seixas Marques e Rivoredo foram as presenças de convidados que também nos alegram.

O Pimpim nem se coçou dessa vez, sempre ele alardeia a presença em peso da artilharia, nem deu para fazer cócegas, a Infantaria massacrou para começar bem 2016, contem nas fotos que dessa vez estão sem legendas.

Quase conseguimos anotar o número do cartão do Patinho, a comanda conseguimos, mas acho que ele trocou logo depois... kkkk

Nosso painel especial que registra as presenças tem a intenção de valorizar a beleza inatacável desse recanto carioca que já se tornou CNTP para nós.

Concluindo e para fazer circular segue um texto da lavra de Dom Obá III bem a propósito da data.

Abraço a todos, Angelo, o KbçA

PS: o Bocão foi visitado pelo Nilo, Lobo, e Jacaré, vulgo Saback Chaves está se recuperando bem de uma isquemia, continua hospitalizado no Hospital Evangélico na Tijuca, quarto 211 (pabx: 21592300).

 *********** Texto de Dom Oba III **********

O LADO CERTO DE MONTAR

   Alexandre Magno – Alexandre, o Grande – conheceu, na infância, um cavalo aparentemente indomável oferecido a seu pai, o rei macedônio Filipe II. Este já dispensava o negociante quando o garoto impetuoso voluntariou-se e conseguiu montar o animal, motivando o pater coruja a prognosticar-lhe realizações gloriosas, eternizadas de fato na poeira dos tempos.

     Percebendo o cavalo cego da vista esquerda - a do lado de montar - o futuro general desfez o mistério: montou pelo direito para selar a parceria com Bucéfalo – assim nomeou sua presa – companheiro fiel que o acompanharia até a morte numa trajetória fantástica.

   Alexandre III personificou excepcionais virtudes marciais, cultura e sensibilidade refinada, distinguindo-se de conquistadores confinados aos campos de batalha. Tornou-se paradigma para as modernas academias militares, herdeiras do modelo pedagógico de Aristóteles, seu preceptor, na aplicação ponderada de conhecimentos gerais e instrução específica da arte da guerra. Falecido aos trinta e três anos de idade deu nome a cidades ao redor do mundo, influenciou a estratégia militar, psicologia, artes plásticas, liderança, literatura – vide os versos alexandrinos – e domínios diversos.  

   Ao reconhecer balda em Bucéfalo, promoveu a expressão “lado de montar” a construto aplicável no triunfo da inteligência sobre a força, no desbordar dificuldades com elegância, no gerenciar idiossincrasias sem conflito. Contra a selvageria da época, respeitava a cultura dos povos dominados ao escalar para governá-los oficiais destacados, incentivados em casórios locais à propagação dos valores gregos. Pensava longe - não sem motivo perpetuou-se exemplo exponencial de liderança.

   No dia a dia, enfrentamos o desafio do “lado de montar”. Na verdade, a arte de viver exige prontidão permanente para não escorregar no convívio interpessoal, hoje bastante amplificado. Nas atribuições funcionais de lidar com o público advogo a ideia de o cliente, mesmo sem razão, satisfazer-se ante o atendimento prestado.

   O sexo feminino, em geral, exige cuidados peculiares especialmente representantes próximas. Esqueça elogiar o vestido novo, o penteado recente do salão ou proeza culinária da madame para o planeta desabar sobre a cabeça do marido mais prestigiado inter pares, desafiado em argúcia máxima a retomar bem aventurança perdida.      

   Entre os homens, exaltar time rival do interlocutor ou saudar inimigo figadal pode bloquear o bate-papo mais descontraído e remeter ao purgatório das personas non gratas. Muita calma nessa hora. Atente-se, todavia, a elementos fora de órbita na tipologia social.        

     Analise-se Dom Paca Domingues: na juventude incorporava autêntico bagualzinho matinal, perigoso aos que flanavam nas cercanias dele - seu semblante fechado infundia temor ao Esquadrão inteiro - mesmo MacaMendes, Baci,  1234 e Renatinho aguardavam a lendária abertura do PDR / 10: 00h para um bom dia seguro ao personagem.  No entanto respeitado o seu “lado de montar”, pontualmente britânico, transformava-se em gentleman sorridente e receptivo.

   (Re)conhecer o “lado de montar” alheio é matéria de estudo inesgotável, centrada na tolerância aliada a pitadas terapêuticas de bom humor - compreensão que o brilhante rei e general macedônio professava como inferido do seu badalado encontro com Diógenes de Sínope.

   Diógenes - o filósofo-cão, papa do cinismo filosófico, caçador de um homem virtuoso sobraçando lamparina acesa, morador num barril - esnobou Alexandre Magno quando este  indagou-lhe seus desejos.  Cabeça de fora da casa-barril respondeu: “Senhor, não me tires o que não podes me dar”, ou em linguagem clara – “Não me atrapalhe a visão do sol”. Alexandre entendeu o recado, e ao zombarem soldados do pensador excêntrico repreendeu-os: “Se eu não fosse Alexandre, gostaria de ser Diógenes”.    

   Pois é. Se até Alexandre, o Grande, encarou sereno o genial maluco-beleza Diógenes, por que pobres mortais superdimensionam bucefalozinhos pessoais?

   Arrisco palpite: talvez ainda ignorem o lado certo de montar.      

 

Rio, 20 de janeiro de 2016.

Salve São Sebastião, o Padroeiro. Dom Obá III, carioca.{jcomments on}