A MULTIPLICAÇÃO DOS LOBOS

Comente este artigo!

Submit to FacebookSubmit to Google PlusSubmit to TwitterSubmit to LinkedIn

 altaltalt

Excelentíssimo Dr Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

   Data vênia, rogo aclarar este iletrado sobre misteriosas aparições suas. Dia acesso a caixa de mensagens e lá identifico VSª, sorridente, em assembleia no Planalto Central; adiante, enturmado no Baixo Fortaleza, como se não houvesse amanhã; para culminar, assinando ponto no CMPV, diga-se representado por indivíduo que em nada o recomenda.

    A estranheza enseja percepções. Estarrece a rapidez, oportunidade e abrangência das aparições, provocando inveja a presidenciáveis em campanha e suposição recorrente de VSª cumprir missão diplomática do Pimpim, exclusiva hipótese para absolvê-lo perante a turma. Desconsiderada a diplomacia itinerante, resta imaginar ter subestimado, ou negligenciado, a importância capital da sua figura nas tertúlias do CMPV, neste mês valorizadas por presenças bissextas.

   De Brasília, Nestor Cabeça, alto-astral, parecia egresso dos anos 1960 após exibição primorosa do Fogão; da Petrobrás/Itaboraí, Gilson Com, longe Pasadena e cositas más da estatal; da Tijuca-1, Prez, meio sorumbático, talvez nostálgico do seu aconchego; da ECEME, Motinha e Ivan Piranha, este cultivando a famosa cabeleira-bigode prateada mexicana, aquele reforçando as hostes afro-vascaínas; do Méier, Toledo artilheiro, já incorporado ao NB; da Tijuca-2, Mello infante, sem esbarrar no Alcântara; dos Skynalhas, Peres Cobra, emotivo ao lembrar Araçatuba; do Catete, Ângelo KbçA, cronista instantâneo-digital implacável; do Recreio-Vargem Grande, Ayrtinho, disfarçado em charmosa barba e t-shirt Led Zepelin a vingar a honra nacional contra a Alemanha (alemã, melhor dizendo).

     De Botafogo, João Meirelles, impossível. Logo chegando, sério bagunçou a corda-tronco geral ao anunciar ter cumprimentado, na entrada do CMPV, dois expoentes sumidos de 72 cujas supostas proximidades alvoroçaram o coreto. Conversa vai, conversa vem, e nada. Já desconfiado o inquiri, quando admitiu tê-los confundido com o Nestor e o Mello. Era só o começo.

   alt

  Lá pelo FCVN, papeava com casal de turistas estrangeiros sentado na mesa ao lado. Além da vibrante fluência do Joe May em indecifrável idioma, causava espanto a turista filmando o Ayrtinho, a gerar incontrolada suspeita neste QM 07/001: seria ela espiã da KGB, Mossad, EI ou CIA? Quem sabe, extraterrestre a fim de raptar o querido Arataca? Quase a arrancar o ipad da alienígena, antes recorri ao Joe,  tendo esclarecido serem alemães em férias, felicíssimos com o interlocutor e encantados com o Ayrtinho, a quem a radiante Frau endereçava elogios por nele ver personificada a alegria do brasileiro típico. Aliviado, desmobilizei injustificado temor belicista.

    Ignorava os saberes linguísticos do Meirelles, renomeado Hans Meyer. Desfeito o pavor da espionagem agucei os ouvidos, sem entender patavina, fazendo aumentar a idolatria ao teuto-artilheiro, sua erudição e modéstia. Assim, lanço o nome do Joe, ops, Hans, para chefiar eventual representação da TuMMM nos pagos da velha Prússia, secundado pelo ícone aeroterrestre, na aditância cultural. Motivo? Ora, o Barão arrasou e nem se deu conta...

   A verdade é que o nobre pqdt ascendeu a latin lover tropical sem perceber, porquanto distraído trocando figurinhas na reunião. Dezenas de flashes espocados pela europeia ante a malemolência maranhense-carioca, o intérprete Meirelles desvendou o it do borogodó: além, claro, da espontaneidade contagiante, a Frau se apaixonara pela camiseta Led Zepelin do Arataca. Tara? Fetiche? Alucinação?  Sei lá, repasso a análise do peculiar fenômeno ao  hierofonte praiano Damerran, doutorado nos desvãos da psique humana.       

   Confesso-lho o meu orgulho ao constatar o reconhecimento germânico aos confrades Meirelles e Ayrton, resgatando a autoestima pátria depois de acachapante vexame esportivo. Foi a glória, seguida de profunda tristeza por considerar-me monoglota crônico, desprovido de charme e t-shirts maneiras. Desolado, ergo a cabeça para, atônito, surpreender ao vivo e a cores Ismael B sendo osculado nas bochechas por garçonete do CMPV, em inocente gesto de boas vindas. É mole ou quer mais? ... bradei horrorizado.

     Anda em voga a delação premiada. Homem de princípios sólidos, jamais serei dedo-duro, mesmo se me oferecerem cobertura na Aldeota-Mereles ou mansão no Moneró. Manda dever de consciência, no entanto, alertá-lo sobre a personalidade dúbia do seu preposto. Ora cordeiro inofensivo, ora lobo feroz, talvez o tenha iludido para encarná-lo aos pés do Pão de Açúcar.  Adentrando bem tarde o Círculo, alardeou substituí-lo em carne, osso e espírito, do que se valeu para brincar de lobo mau amador. Previno-o: o olhar mellífluo, o discurso envolvente e a falsa timidez dele mascaram comportamento de águia pronta a atacar presas indefesas, como VSª.

   Falso travestido, o Sr Ismael B não convenceu na pele de Lobo, cujas pegadas indicam aversão a ser tricolor, tijucano ou falador, pois se entoca na Ilha, adestra cavalos em Deodoro e quase madruga nas assembleias festivas. Repudiam-se, ademais, os replicantes Lobo do cerrado e Lobo alencarino, clones virtuais sem selos de qualidade ambiental.

    Ao afiançar-lhe a relevância extremada do seu comparecimento presencial às reuniões da Pioneira/RJ, encareço que se motivos imperiosos delas o distanciem, mantenha os demais confrades adrede informados da possível ausência, desobrigando-os de convívio similar ao da edição passada.

    Permita-me V. Sª proclamar a existência de único e inimitável Lobo. É o parecer, salvo melhor juízo.

alt

Rio de Janeiro,  17 de outubro de 2014.

Dom Obá III, rábula vira-lata.{jcomments on}