REGRESSÕES DOS TEMPOS DA AMAN

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Por vezes me pego pensando em alguns lances engraçados
Ocorridos em nossa Academia nos velhos tempos passados
Assim, vou tentar comentar alguns dos quais ainda lembro

Apesar do receio de cometer alguns erros – o que temoLogo no primeiro ano, houve um lance com o “Menelandro”
Fruto da junção de Menezes com a palavra malandro
Carioca muito “safo”, cheio de esperteza e gingado
Na 1ª companhia vivia de IA o que o deixava irado
Alvo do “Mário Mico”, tinha bronca do baixinho
Bastava um “FO” que ficava o fim de semana sozinho
Um dia na ala Menelandro olha o PC do “mico” desocupado
De imediato entra, encara a cadeira vazia e começa o bostejado
“Mário mico, seu safado, vou te dar uma “banda” e ainda umas porradas
Eu sou foda, mestre-capoeira e você não aguenta umas bem-dadas
Toma essa e mais essa”, falava socando a mão!
A sorte é que não apelou para nenhum palavrão
Após essa catarse, quando ia sair, detrás do armário saiu uma voz
- “Seu Menezes, venha cá, precisamos conversar entre nós”
Caramba, era o Mário Mico que com sua estatura de anão
Estava no cantinho da sala atrás do armário, em um vão
Menelandro se borrou nas calças e nem tentou se justificar
E adivinhem só: na 4ª parte do boletim o malandro foi parar
Assim, o carioca “isperto”, que se achava vedete
Encarou mais quinze dias trancafiado em uma “dete”


Outro lance do cacete foi com meu parceiro Galdino (saudades,irmão)
Galdino Bueno Neto, um “aratucho” ladino
Tinha cara de arataca e sotaque de galdério
Brincalhão falando “tchê” tirava a todos do sério
Na 3ª Cia, do capitão “Cheira Bosta”, gostava de jogar basquete
Oriundo de CM, mas folgado e baseado, era uma figuraça
Fazia graça com tudo e folgado qual cu de avestruz
Não ligava pra enquadramento e tinha nos olhos uma luz
Um dia, sem mais nem menos, ingressou no PC do “Cheira”
E sem qualquer cerimônia começou a falar besteira
O “Cheira”, todo enquadrado, atônito com tal comportamento
Falou: “Cadete, eu não lhe conheço!” esperando enquadramento
Em vez de se apresentar, Bueno começou a bater uma bola todo exibido
E disse: “Que é isso, capitão, sou o Bueninho do basquete”- o senhor tá esquecido?
O lance foi tão hilário que nem o “Cheira” aguentou e gargalhou
Deu um esporro no Bueno e logo após o despachou


Outro lance hilariante foi com o baiano Souza Cruz
Bicho do mato do agreste mais xucro que credo-em-cruz
Perguntado pelo Seixas qual era a sua origem, falou: CMPA
Como, falou o Seixas, se mais pinta de arataca em toda turma não há
E o Souza declarou: Colégio Municipal de Paulo Afonso, com a cara lavada
O Seixas ficou possesso achou que era sacanagem e quase lhe deu porrada


E ainda mais uma dele que nos causou muita vergonha
Foi pego com a foto da namorada de outro no banheiro tocando bronha


E como não poderia faltar, vamos falar de Ismael “bocão”
Que levou sua patrulha pra servir de alvo pra canhão
Como guia do Entrevero pegou logo o contra azimute
Dizia para quem reclamava: “cale a boca e me escute”
Depois de andar muitas horas ouviram um sibilar
Era o fogo de obus da poderosa Artilharia a cantar
Foi um foda-se geral e nem o Chico Ferreira sabia o que fazer
Até que acenderam luzes para o fogo “amigo” suspender
Com a cara mais lavada Bocão voltou de viatura
Apresentou-se ao Mário Mico e tomou descompostura
E como se não bastasse, lhes falou: “amanha vocês vão voltar”
E foda foi o Chico evitar a patrulha do Bocão o linchar


Já que o assunto é o Bocão, vamos falar de outro fato
Pois na época ele já tinha Karman Ghia
Porem, pior do que ele, ninguém mais dirigia
Dava carona pro Rio para a turma que nada tinha (FV)
Arataca, Tizil, Brandao e outros – parecia lata de sardinha
Mal entrava na Dutra, já no retão , começava a dormitar
E a turma apavorada tome cascudo a lhe dar
Pra manter o boca acordado era escalado alguém
Mas o cagaço era tanto que não dormia ninguém
Quando chegavam ao Rio era um grande aliviar
O problema era quando pensavam que tinham que voltar


Outra figura tosca era o Souto Crasto, Pernambucano arretado
Pegava as tanajuras no pátio, arrancava-lhes a bunda e comia esfomeado
Dizia ser um bom pitéu, que era melhor que gafanhoto
Acho que só não comia merda por ter medo do arroto


E o Rodrigues “Chico Bomba”, meu finado e caro amigo?
Punido sem parar pelo Dinamar, estava sempre “a perigo”
Fins de semana sem fim e ele detido “descabelando o palhaço”
Finalmente, depois de muito tempo, ele gritou com estardalhaço
“Hoje não estou punido, vou comer alguém de verdade”!
E saiu cheiroso e bem vestido pra tornar seu sonho realidade
Mas o fim de semana em Resende foi com chuva e sem luz – que azarado!
E o Rodrigues desolado viu que até o Bambuzinho estava fechado
Para culminar a tragédia, começou uma chuva bem forte
Pobre do Chico Bomba, estava mesmo sem sorte!
Molhado como um pinto, atravessava o rio pensando: “isso é mesmo o fim”
Quando notou no mato ao lado um movimento na capim
Era uma negra mendiga sem perna que procurava um abrigo
E o Rodrigues, no desespero, falou: “quanto que pra trepar comigo?”
A mendiga deu-lhe um preço e o Rodrigues a atravancou
Na chuva e no meio do mato o Chico sem perdão a traçou
Quando nos contou seu feito, ficamos atônitos, apavorados
E ele complementou: aquele cotoco batendo me deixou mais tarado!”


E já que estamos no Chico Bomba vou citar só mais um fato
Sua brincadeira favorita, que envolvia muitos flatos
Chico Bomba tomava banho e vinha com a toalha e por debaixo nu
Deitava-se em sua cama de barriga para baixo e enchia de talco o cu
Dava uns tapinhas na barriga e soltava um imenso bufão
Era talco pra todo lado, e ele dizia: “é o meu vulcão!”
O apartamento impregnava e o chão ficava imundo
Juro que até parecia que haviam cagado no mundo


E agora vamos passar a figura de todas mais lendária
Ao primeiro e único Boitatá, peça bizarra e hilária
Diz a lenda que o Boita, filho de Passo Fundo
Fazia questão de ser de todos nós o mais imundo
Defendia com fervor as suas teses mais delirantes
E exclamava com firmeza: “isso é que é ser Infante!”
“Eu jamais vou me casar”, constantemente afirmava
“Pois um bom soldado se casa com a sua Arma!”
Mas bem que tinha namorada loirinha e Campineira
Que o tosco chamava de “Petiça”- veja se isso é maneira
Certa vez lá em Campinas foram a uma festa com a “sogra”
Que foi um grande fiasco, sem bebida ou comida – uma droga!
A senhora constrangida ao voltar para o seu lar
Resolveu cozinhar algo para a fome do Boita matar
Disse-lhe: “Itamar, vou fazer uma sopa para ver se você gosta”
E ele na mesma hora: “sopa não sogra, quero comida que faça bosta!”


Mas, vou passar adiante porque o Boita tem histórias infinitas
Todas bem esculhambadas e nem sempre as mais bonitas
Lembro da suposta “célula” comunista no bosque – afinal, é ou não é?
Era apenas o Almeidricha e outros baixando santo no Candomblé


Afinal, devo falar de um companheiro com cuidado
Pois o homem é general e eu posso ser enquadrado
O “velho” Morata passou todo um manobrão sem conseguir “obrar”
Nove dias infelizes em que o pobre mal podia andar
Finalmente, ao chegar na ala, resolveu que ia se aliviar
Pois não há santo que aguente tanto tempo sem cagar
Só que a coisa empedrada teimava em não sair
Mas o velho se empombou e pensou: “preciso parir!”
Houve um grito pavoroso que ecoou desesperado
E quando corremos encontramos Morata desacordado
Havia lançado um tolete gigantesco, absurdo e colossal
Que fez que levássemos o pobre pra ser atendido no hospital
Reza a lenda que o gigante foi pego pela Engenharia ali
Para servir de esteio na ponte do Alambari


Peço perdão a todos, mas por agora vou parar por aqui
Pois são infindas histórias e não quero a ninguém ferir
Afinal, também cometi um bando de raridades
Todavia, falarei delas em outra oportunidade.



SAINT-CLAIR PAES LEME – Poeta de Botequim Pé-Sujo{jcomments on}