Artigos da Seção AMAN 72

ENTRE SHAKESPEARE E O BOCA DO INFERNO

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   O futebol potencializa manifestações de primitivismo sem igual. A bem dizer, na sua origem avultam sementes de forte escapismo social, numa época – meados da segunda metade do Sec XIX – dominada por ideais revolucionários. Dos exclusivos colégios da aristocracia britânica aos primeiros estádios abrigando multidões ululantes, transcorreram poucos anos para o chamado nobre esporte bretão empolgar o planeta.

   No Brasil, logo aportaria a reboque de imigrantes de diferentes nacionalidades e extrações socioeconômicas, incluindo abastados ingleses tricolores, anarquistas italianos colorados e prussianos gremistas.   

   Assim avançou o ludopédio, com frequência transformando sujeitos sensatos em bestas-feras, expondo o que a natureza humana tem de pior. Entretanto, excessivamente endeusado, ascendeu a expressão divinal do homo sapiens na sua destinação histórica de ópio popular. Nesta semana, a Nação M3 provou do receituário tarja preta da bola.  

   Bastou um Fla-Flu com raquetada de braço e impedimento flagrante resultarem em gols, para o pau comer na casa de Noca. Exasperado ante gozações de torcedores rivais, Cléo, fundador-presidente vitalício da ABL alternativa, soltou as tamancas para derrapar nas curvas da irmandade, gerando reações de iracundas a galhofeiras no pavilhão MMM.    

    Exagerado o SC na saída do estádio, tal hooligan alucinado na velha Albion, indignado o Sr KbçA na mesa redonda pós-jogo, manifestando-se os telespectadores, até aí operou o sagrado jus esperneandi. Ocorre ter o incomparável vate desertado do zapzap, sem atentar para o quanto frustraria legiões dependentes da sua verve e inteligência singular. Chutarei a redonda quicando.      

   Cléo, e poetas no atacado, merecem tratamento especial a título de compensação pela fruição espiritual que proporcionam aos despossuídos artísticos deste mundo. Seres sensíveis, habitualmente são sublimes quando inspirados nas Arcádias, ou potencialmente destrutivos, em larga escala, se confrontados pelo racionalismo insensível de ambiências hostis.    

    Digo e repito por óbvio que pareça: SC verseja com brilhantismo invulgar entre Sir William Shakespeare, o Bardo festejado, e Gregório de Matos Guerra, o Boca do Inferno desprezado. Agita, provoca, alegra, enraivece, discute, mas a pulsação da Turma explode após cada intervenção sua, haja vista os versos escatológicos típicos do  Boca – o do Inferno – ou de um Augusto dos Anjos ressuscitado.

   Sucumbiu o bardo às provocações rubro-negras. Censurou o Sr KbçA as impropriedades na rede, atingindo cada qual alvos genéricos sem nomeação específica. Por que os engraçadinhos da Gávea haveriam de bronquear? Aliás,  aconselho o nobre prócer M+2 vascaíno a refutar esparrelas de corneteiros tipo os Srs Flamas, SJ, Bonner, Castro Júnior e demais urubulinos,  maioria em zapzap-silêncio após a borrasca boleira. 

   Cléo representa patrimônio cultural da Turma, digno de tombamento apenas pelos    versos musicados em www.tummm72.com.br. Extrapolou a licença poética, na privação de sentidos da derrota tricolor agravada nas estocadas de flamenguistas ladinos, mas sem ele o zapzap perde muito da graça.      

   Hoje, o rescaldo não me animou diante da seriedade de debates sobre decreto polêmico. Jurisconsultos daqui, estrategistas dali, analistas acolá, impressiona que o Dr Boita arregimentará milícia para enfrentar potenciais vermelhos do leste de Carazinho, HC em que já me anuncio à disposição do ícone passofundense na condição de cabo cerra-fila.

   Pensando melhor... para o bem da MMM e felicidade geral zapzap, doravante assumirei o papel de bode expiatório do Cléo na sua persona Boca do Inferno.  

   Como definiu magistralmente o sábio netinho do Dr Snake: “seus amigos não passam de um bando de veinhos kaozeiros sexalescentes, que se chamam por apelidos estranhos”. E brigam, xingam, riem, discutem, divertem-se e se adoram sem frescura, acrescento.

   Volta, SC!!! Volta, Cléo!!!               

 

Rio de Janeiro, 08 de setembro de 2015

Dom Obá III. Paz, respeito e fraternidade, eis o índice mínimo.