Artigos da Seção AMAN 72

PRIMA RATIO REGIS

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   Mais que dom natural, a simpatia recende sabedoria.  Muitos tentam ser simpáticos à cata de benesses ocasionais, em geral fracassando porque carentes da santa clarividência diferenciadora de aprendizes e luminares como o estimado Mauri Luiz Régis.      

  Domingo de madrugada, ele decolou da sua base afetiva em Natal para paragens etéreas. Na discrição da partida certamente quis nos poupar das lamúrias do infausto acontecimento que a ninguém poupará, mas os tentáculos da comunicação virtual logo propagaram o travo amargo do indesejado voo solitário semeador de tristeza e saudade aos privilegiados por conhecê-lo em vida.    

   Tive proximidade antiga com o Régis, nesses quase quarenta e sete anos de Turma. Integramos o inesquecível 9º pelotão do não menos lembrado Ten Araújo, e na convivência espartana de então aprendi a admirar-lhe a capacidade de superar desafios sem perder a serenidade, preservando a marca registrada do semblante bondoso e risonho. Observando-o eu pensava – “Corajoso ou insensato?” – cediço ao seu bom humor inalterado diante de    circunstâncias inóspitas. Adiante, no prosseguimento da AMAN percebi-lhe a têmpera exclusiva de uma sabedoria que domava adversidades, arrefecia hostilidades e tornava amistosas as relações pessoais. Assim transcorreria até o alvorecer da sua hora final.  

   Soube da notícia através do Ângelo, domingo à noite, seguida por inúmeras postagens carinhosas sobre o finado ex-aluno do Colégio Militar de Curitiba, ratificadas pela iniciativa louvável do Theóphilo de comparecer às despedidas do irmão de Arma em demonstração nítida do seu caráter, liderança e demais motivos que o tornam especialmente respeitado na Turma.  

   Hoje, impelido por irrefreável compulsão acordei por volta das quatro da manhã e ocupei o teclado para recordar, emocionado, o meu saudoso amigo da 3ª Cia C Bas. Redigi o primeiro parágrafo e resolvi acessar o site da Turma, onde pontuavam belo texto do mesmo Theóphilo e tocante poesia do Saint-Clair, homenagens sensíveis de expoentes na arte de traduzir sentimentos. Mais tarde, retornando do trabalho, testemunho preciso do Prisco reforçava os merecidos elogios ao antigo meio–campista voluntarioso da Bateria MMM, em ciclo de manifestações irretocáveis às quais o mínimo acréscimo seria redundante.                    

   Confesso ter relutado perante relatos tão marcantes. Arrisquei-me a prosseguir.

   Fato é que recentemente recebi mensagens do Régis agradecendo verbete no Pequeno Dicionário 3M, com referências espirituosas ao Renato e declarando sua residência porto seguro da Turma sem exclusividade aos Artilheiros. Nada transparecia agravamento da saúde dele, e reconheço agora no episódio a fibra inquebrantável do velho cadete, que a despeito do peso enfrentava destemido as tresloucadas corridas, as ensandecidas pistas, os estágios da SIEsp ou os temíveis instrutores do Básico.    

   O Régis foi um verdadeiro sábio de legado precioso até na predestinação do próprio nome, indicativo de incorporação cósmica na Poderosa. Quando a maioria das pessoas possuir a sua simpatia, bom humor, coragem, generosidade e alegria de viver, a última razão dos reis perderá o sentido, substituída pelo primado das excelsas virtudes que ele tão bem exibiu na sua estada planetária.  

   Última Ratio Regis de violência e destruição? Não. Prima Ratio Regis de cordialidade, amizade e compreensão.

   Caro Régis, permita-me republicar as palavras que ensejaram o nosso recente, derradeiro e agradável contato:     

   RÉGIS, Mauri Luiz. Sin: G Régis. Arquivo vivo das travessuras do Renatinho enquanto alunos do CMC. Entre a Curitiba europeia e a tropicaliente Natal sua alegria aportou nas dunas de Genipabu. Proprietário de mansão litorânea para desfrute exclusivo da Poderosa no éden potiguar. Preserva a simpatia contagiante da juventude, capaz de iluminar o semblante matinal do Paca ou estancar a verborragia diuturna do Boca. Ver Araújo, Renato.

   Valeu, estimado amigo Mauri Luiz Régis.

Do Nilo, seu admirador desde o 9º pelotão.

Rio de Janeiro, 21 de agosto de 2015{jcomments on}.