Artigos da Seção AMAN 72

O Heroi e a Turma Marechal Mascarenhas de Moraes

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A reunião tinha mais de uma finalidade. Além da tradicional confraternização, reu­nindo os camaradas da Turma Marechal Mascarenhas de Moraes (MMM/72), que residem no Dis­trito Federal e os visitantes (MMM/DF), havia a pretensão de homenagear os herois da Força Ex­pedicionária Brasileira (FEB).

As comemorações dos setenta anos do dia da vitória precisavam ter, pelo menos, uma atividade relacionada à MMM/72, pelas seguintes razões: a uma, por ser o nobre marechal patrono dos concludentes do Curso de Formação de Oficiais da Academia Mili­tar das Agulhas Negras, no ano de 1972: a duas, por ser o Tenente Coronel Nestor da Silva, fe­biano e heroi de guerra, pai do dileto camarada Nestor, integrante da MMM/72; e, a três, pelos camaradas Magno e Maciel Monteiro, e todos os integrantes da MMM, cujos pais foram, tam­bém, herois da FEB. Portanto, o Grupo Gestor da MMM/DF iniciou os trabalhos de elaboração de atividade para, na reunião mensal, homenagear o TC Nestor da Silva.Além dessa nobre mis­são, havia o planejamento para apoiar o Chimbica que, na busca do acompanhamento médico no Hospital Sarah, chegaria a Brasília na véspera da tradicional reunião da última sexta-feira do mês de maio. Portanto, foco na programação para homenagear o TC Nestor e apoio ao Chimbi­ca. A tarefa de apoiar o nosso camarada Chimbica foi aliviada com a prestação de trabalho vo­luntário por parte do Nestor, Pimentel e Arakaki. Obrigado, nobres amigos, por cuidarem do Chimbica, desde o seu desembarque, na consulta e no retorno, no sábado, para o Rio de Janei­ro. Certo de que o heroi estaria em Brasília no dia 29 de maio, foi feito contato com o general Rocha Paiva, amigo e palestrante renomado sobre a FEB, já que seu pai foi tenente febiano e nosso comandante do Corpo de Cadetes da AMAN, para que, no dia da reunião, relatasse a par­ticipação do homenageado nas campanhas na Itália. O Vieira ficou encarregado de providenciar placa comemorativa para ofertar ao TC Nestor da Silva. Quando tudo estava caminhando, o Pi­mentel apresentou a proposta de homenagear, também, um tenente febiano, de Cavalaria, com noventa e três anos, que reside em Brasília. Essa intervenção foi realizada na quarta-feira, dia 27 de maio, o que ocasionou certa dificuldade para o Vieira, no tocante a providenciar mais uma placa. Não contente com a proposta de incluir, em pouco espaço de tempo, outro oficial, o Pimentel resolveu interferir na mensagem escolhida para, na placa, enaltecer o valor dos nos­sos “pracinhas”, como são denominados, carinhosamente, aqueles bravos que integraram a FEB. Munido de exemplar de dicionário, que segundo afirmou lhe fez companhia no Curso da EsAO, em 1982, alterou a grafia de palavra consagrada pela última reforma ortográfica. Não vou apontar a palavra, deixando essa tarefa para os leitores, por intermédio de interpretação da fotografia que engalana o evento. Confesso que até pensei em solicitar ao Nestor (filho) que selecionasse alguns materiais, que o Nestor (pai) guarda de sua epopeia pelos campos da Itália e conduzisse para o local da homenagem. Entretanto, entendi que seria uma tarefa complica­da. Retirar o material de casa e conduzir para a varanda do restaurante, era tarefa que poderia trazer algum desconforto para o TC Nestor. Não insisti com essa proposta. Fora da caserna, não se tem toda aquela estrutura de apoio para engalanar o ambiente, mesmo sabendo que a ativi­dade tinha quase um caráter oficial e, em face da importância, poderia ser incluída no calendá­rio de eventos programados pelos encarregados de homenagear, em todo país, os nossos pra­cinhas. Bem, certo de que o Grupo Gestor fez o melhor de si para homenagear o TC Nestor, cheguei à varanda do restaurante do Clube do Exército, situado no Setor Militar Urbano. Para minha surpresa, encontrei o Nestor (pai), o Nestor (filho), o Chimbica, o Vieira, o Fernandes e um belíssimo altar com materiais da FEB. Pensei: o Nestor (filho) deve ter adivinhado meu pen­samento e trouxe o material. Ledo engano. Quem tem como camarada de turma um Fernandes (Eng) não se aperta com a questão da criatividade. Ele, sem nenhum comando ou solicitação formal, reuniu peças interessantes de sua coleção particular e, segundo informou, as 11h30­min, o dispositivo estava pronto. Como irão ver, nas fotos ilustrativas: facas, pistola Lugher, baioneta, cantil, cinto, insígnias alemãs, binóculo e outras relíquias sobre a FEB. Na chegada dos confrades era obrigatório posar para foto ao lado do herói e da exposição de ma­teriais da FEB. Registro, além dos já citados, as presenças do Armando, Brito, Chibinski, Arakaki, Nei, Bonato, Florêncio, Cláudio, Figueiredo, Baciuk, Heitor, Magno, Ribeiro Souto, Ribas, Magalhães, Bohrer, Pimentel, Maciel Monteiro, bem como do visitante Bastos (Eng) e dos filhos do Ribas e do Nestor (filho). O papo corria animado e os confrades celebravam a vida ao lado de um herói que já tinha passado dos noventa e sete anos de celebração. Chegava o momento da homena­gem e o general Rocha Paiva realizou um relato interessante sobre a Batalha de Montese, onde o então segundo sargento Nestor se destacou pela bravura e cumprimento do dever em com­bate. O conhecimento do general Rocha Paiva sobre a matéria e o alto poder de síntese impressionava todos que, em profundo silêncio, pareciam ser transportados para aquela manhã histórica. Acompanhando o relato, subíamos as elevações, ocupávamos abrigos, fugíamos das rajadas de metralhadora, das concentrações de artilharia e alcançamos o objetivo do pelotão do sargento Nestor. Sim, ele iniciou a campanha da Itália como segundo sargento, adjunto de pelotão. Ao final da sangrenta batalha, com o monte conquistado, ele recebeu um telefonema do seu comandante de Batalhão, do 11º Regimento de Infantaria, cumprimentando-o e se referindo a ele como tenente. Incrédulo, achou que era brincadeira. Nesse instante, o major passa o telefone para o general Mascarenhas de Moraes, comandante da FEB, que, mais uma vez o cumprimenta pela bravura e pronuncia a seguinte frase: “tenente Nestor, que você honre sua estrela de oficial como honrou as divisas de sargento”. Palmas e hurras! Por parte dos presentes na varanda. Após, o TC Nestor fez breve relato do prosseguimento do combate naquela noite e, em agradecimento pela homenagem disse o seguinte: “quando penso que estou no fim, recebo uma homenagem como esta, por parte dos integrantes da Turma Marechal Mascarenhas de Moraes”. E continuou: “Turma a qual pertence o meu filho e que tem como patrono o meu comandante da FEB, sinto que as forças voltam e ganho mais vida”. Foi entregue, pelo Fernandes, a placa comemorativa do evento. Mais uma vez, emoção e muitas palmas. O Pimentel pediu a palavra e explicou a ausência do tenente de cavalaria, febiano, que seria, também, homenageado: a sua saúde estava comprometida e não o permitiu sair da residência. Lamentamos e vamos homenageá-lo em outra ocasião. Na hora da foto que materializa o encontro, o Bohrer sugeriu que entoássemos a Canção do Expedicionário. De forma emocionada, os presentes cantaram a significativa e bela canção. Após, foi prestada a homenagem aos aniversariantes e devorada a torta oferecida pelo Florêncio. Procurei o Fernandes e me ofereci para ajudá-lo no transporte do material para o carro. Com um sorriso largo e característico de quem bem cumpriu a missão, ele disse: ”não precisa. A bolsa está pronta para juntar o material”. Simples, assim. Sai do restaurante pensando no significado de uma promoção em combate para o profissional das armas. Que emoção deve ter sentido, à época, o homenageado de hoje. Obrigado, Tenente-Coronel Nestor: heroi da FEB, do Brasil e exemplo para todos nós. Valeu Fernandes! Simões Junior{jcomments on}

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